Como a Nova Lei de Licitações Está Transformando o Uso do BIM nos Orçamentos de Obras Públicas
- Engº Fabrício Balestrin
- 1 de jun.
- 4 min de leitura
Atualizado: 3 de jun.
Descubra como o BIM está revolucionando o orçamento de obras públicas com base na nova Lei 14.133/2021 e no Decreto 11.888/2024.

Você sabia que a nova Lei de Licitações (Lei 14.133/2021) já prevê o uso preferencial do BIM em obras públicas?
Isso muda tudo para quem atua com projetos, orçamentos e planejamento de obras. O BIM não é apenas uma modernização técnica — ele representa uma mudança na lógica de contratação, execução e controle de obras públicas.
Neste artigo, você vai entender o que diz a lei, como o Governo Federal está incentivando a adoção do BIM, e como essa mudança impacta diretamente quem orça, planeja e executa.
O que diz a nova Lei de Licitações sobre o BIM?
A Lei nº 14.133/2021, em seu Art. 19, §3º, determina:
“Nas licitações de obras e serviços de engenharia e arquitetura, sempre que adequada ao objeto da licitação, será preferencialmente adotada a Modelagem da Informação da Construção (Building Information Modelling – BIM) ou tecnologias e processos integrados similares ou mais avançados que venham a substituí-la.”
Além disso, o Decreto nº 11.888/2024 estabeleceu a adoção progressiva e obrigatória do uso do BIM no orçamento de obras públicas no âmbito federal.

O que é BIM na prática?
Para quem nunca ouviu falar, parece digitalização de projeto, mas não é só isso. No BIM, tudo é conectado, do projeto estrutural até o orçamento. O governo enxerga nisso uma maneira de melhorar a qualidade das obras, reduzir desperdícios e dar mais clareza às contas públicas.
A primeira sensação: tudo fica mais integrado. Não existe mais a divisão entre “quem projeta” e “quem orça” num abismo de versões diferentes. Agora, o modelo BIM já nasce preparado para alimentar o orçamento. Notou algum erro no quantitativo? Corrige no modelo e pronto, toda a estimativa se atualiza.
A reforma do Tribunal de Justiça de Minas Gerais mostrou isso na prática: redução de quase R$ 3 milhões e 150 dias a menos só no planejamento da rede elétrica, graças ao BIM. O diretor responsável comentou como a confiança nos dados disparou. Ou seja, menos improviso, menos surpresa no orçamento e mais previsibilidade para licitações e contratações.
Modelagem 3D detalhada: faz com que áreas e volumes fiquem mais fáceis de ser quantificados; menos erro humano.
Orçamento vinculado ao modelo: qualquer alteração de projeto reflete direto nos dados de custos, sem digitação manual.
Simulações de cenários: testar alternativas antes de fechar a planilha ajuda a identificar onde cortar custos ou investir mais.
Histórico rastreável: todas as alterações de projeto ficam registradas, o que ajuda no acompanhamento do orçamento do início ao fim.
E para que tudo isso funcione de forma eficiente, é fundamental contar com um Ambiente Comum de Dados (CDE) — uma estrutura digital centralizada onde todos os envolvidos na obra acessam os mesmos arquivos, modelos e informações, sempre atualizados. Plataformas como a Coordly têm se destacado nesse cenário, oferecendo uma solução prática para organizar e distribuir documentos, desenhos e versões de projeto, garantindo que engenheiros, orçamentistas e gestores trabalhem sempre com os dados corretos. Ao integrar o CDE ao fluxo do BIM, evita-se retrabalho, reduz-se a perda de informação e fortalece-se a rastreabilidade em cada etapa da obra.
O impacto para profissionais e estudantes
Quem trabalha com orçamento sabe: errar no quantitativo derruba qualquer planejamento. E, se isso já era preocupante, agora, com modelos mais detalhados e exigências legais, a cobrança cresce. O BIM traz uma segurança maior, mas cobra também preparação.
Segundo o CAU/BR, criar modelos digitais detalhados reduz erros, retrabalhos e desperdícios. Mas adotar BIM exige profissionais que saibam cruzar dados, interpretar relatórios, parametrizar modelos. Não é o tipo de conhecimento que se pega vendo vídeo curto na internet — precisa prática e orientação. Aí entra a diferença de projetos como o EAPBIM, que unem didática clara e linguagem simples com a rotina real do canteiro de obras.
Profissionais experientes podem atualizar seus métodos para atender contratos cada vez mais exigentes.
Estudantes têm chance de sair da faculdade já prontos para disputar grandes licitações.
Quem aprende a aplicar BIM corretamente ganha destaque rápido e evita cair em promessas milagrosas de cursos rasos.
Quem domina orçamento com BIM cria oportunidades onde outros veem problemas.
Como se preparar para as novas exigências
E agora? O que muda na prática para quem está começando ou precisa se atualizar? A mudança pode parecer grande, mas pode ser feita em etapas.
Revisar processos atuais: Identifique onde a coleta e atualização de quantitativos dão mais trabalho.
Aprender o básico do BIM: Não precisa ser expert; comece entendendo os conceitos e como eles cruzam com o orçamento.
Praticar a conexão com a EAP: Relacione elementos do modelo digital à estrutura analítica real do seu projeto.
Escolher a formação certa: Opte por treinamentos que falam a sua língua e mostram problemas reais.

Transparência, controle e menos desperdício
Pode parecer exagero, mas tem muita gente apostando que a adoção maior do BIM no orçamento pode transformar a contratação pública no país. Já existem resultados, como vimos em obras importantes, mostrando ganhos diretos em tempo e custos (caso do TJMG).
O Ministério da Indústria afirma que isso aumenta a confiabilidade das estimativas, controle de prazos e transparência nos contratos (leia mais aqui). Não é pouca coisa, principalmente se olharmos para o histórico recente de licitações no Brasil.
Conclusão: é hora de agir
O BIM não é mais futuro — está no presente das obras públicas e privadas. A nova legislação apertou o passo, e quem enxergou isso está saindo na frente. Mas isso não quer dizer que basta conhecer o software ou seguir modismos. O que faz diferença é saber aplicar, interpretar, e estruturar o orçamento do jeito certo.
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